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SPP - 20º Congresso Nacional de Pediatria

Onco-Oftalmologia do CHUC

O RETINOBLASTOMA E A PESQUISA DO REFLEXO VERMELHO OCULAR

 

O Retinoblastoma é o tumor ocular maligno mais comum na criança. Em Portugal registam-se cerca de 6 novos casos por ano, com uma incidência que ronda 1/18.000 crianças. 
O diagnóstico atempado é essencial sendo que, quando é tratado numa fase em que ainda está confinado ao globo ocular, a taxa de sobrevida é superior a 95 por cento, mas diminui acentuadamente nos casos em que o tumor invade a órbita ou se apresenta com doença metastática (por exemplo para o sistema nervoso central), com prognóstico muito reservado. Além disso, o diagnóstico precoce pode evitar a necessidade de enucleação ocular, permitindo alguma preservação da visão. 
O retinoblastoma surge na sua maioria em crianças com menos de 5 anos, sendo a idade média de diagnóstico 12 meses nos casos bilaterais e 24 meses nos unilaterais. Atinge mais frequentemente um olho, mas também pode ser bilateral ou trilateral (invasão concomitante da glândula pineal). Quase metade dos casos são hereditários, sendo importante a realização do estudo genético.
A Leucocória (pupila branca) é à forma principal de apresentação em crianças habitualmente sem outra sintomatologia e com muito bom estado clinico. Este sinal pode surgir nas fotografias com flash ou estar ausente o típico «olho vermelho» no(s) olho(s) afetados, designando-se de fotoleucocória. Outra forma de apresentação menos frequente (20%) é o estrabismo convergente. 
Desde 2015 que o tratamento de todas as crianças portuguesas com Retinoblastoma ocorre no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, por ser o único Centro de Referência Nacional em Onco-Oftalmologia. Tem-se verificado que em 80% dos casos o diagnóstico é feito já em estádios intraoculares avançados da doença com consequente comprometimento da visão e necessidade frequente de enucleação do globo ocular. É por assim fundamental a sensibilização para esta patologia e para a importância do seu diagnóstico precoce.
A pesquisa do Reflexo Vermelho Ocular (RV) é uma técnica disponível e de fácil execução, fundamental para o diagnóstico precoce do Retinoblastoma. É necessário um ambiente com baixa luminosidade e um oftalmoscópio direto. A 1 metro de distância da criança observa-se o RV bilateralmente, permitindo avaliar a sua simetria e posteriormente a 40 cm cada olho isoladamente. Qualquer anomalia do RV, nomeadamente a presença de um reflexo branco, ausência de reflexo ou assimetria entre os dois olhos, deve motivar a referenciação oftalmológica urgente. 
Recomenda-se a realização do Reflexo Vermelho Ocular em todas as consultas de saúde infantil desde o nascimento até aos 5 anos de idade. 
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